sábado, 17 de outubro de 2009

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Dinâmica

A cor do sentimento
OBJETIVOS:
Identificar os próprios sentimentos e expressá-los,partilhando-os com o grupo.
MATERIAL:
Guardanapos ou tiras de papel crepom de cores variadas.
Procedimento:
Durante os primeiros cinco minutos o animador solicita as pessoas participantes que se concentrem, fechando os olhos, procurando uma interiorização e uma conscientização acerca dos próprios sentimentos no momento.

Decorridos os cinco minutos, e abrindo os olhos, o animador pede que cada pessoa, em silêncio, escolha um guardanapo, relacionado a cor dele com os sentimentos do momento.

Prosseguindo, formam-se subgrupos obedecendo às cores do guardanapo, resultando daí grupos numericamente variados.

Cada membro desses grupos irá explicar para o seu grupo o relacionamento encontrado entre a escolha da cor do guardanapo e os seus sentimentos do momento, levando para este exercício de 15 a 20 minutos.

Terminada esta etapa do exercício, todos se despedem uns dos outros,e o animador solicita que todos procurem expressar seus sentimentos do momento, através de uma forma dada ao guardanapo. O importante não é tanto se a forma dada ao guardanapo seja muito exata, mas o que esta forma representa.

A seguir formam-se novos subgrupos, juntando os membros pela semelhança das formas dadas ao guardanapo, e durante alguns minutos cada irá expor ao grupo o significado do formato dado.

Desfeitos os subgrupos, seguem-se, em plenário, os comentários acerca da vivência deste exercício.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Jean Piaget




Para quem não sabe foi no laboratório de Jean Piaget que a teoria da Interdisciplinaridade foi gestada ao final dos anos 60. Foi o pedagogo suíço (1896 a 1980) que cunhou o termo Transdisciplinaridade para possibilitar a transgressão dos principais paradigmas fechados das ciências convencionais da época.

Algumas idéias importantes do autor:
" Os fenômenos humanos são biológicos em suas raízes, sociais em seus fins e mentais em seus meios".
Considero muito importante compreender que somos seres biológicos como ponto de partida para compreender a complexidade humana. Como mostra Maturana o amor é capacidade de aceitação do outro na convivência e isso é constitutivo do ser vivo.

"O professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança descobrir. Cria situações-problemas".
E aqui temos uma discussão tão em voga hoje: os interesses dos como motivadores da organização pedagógica. E por quê? Entendo que ninguém aprende nada que não tenha provocado uma alteração devido a incorporação de um novo saber, ele passa a fazer parte do sujeito. Para que isso aconteça é preciso estabelecer situações que estabeleçam significados e que co-movam o aprendiz.

"A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe."

domingo, 18 de janeiro de 2009

Paradigma

Segundo Thomas Kuhn, um paradigma é o conjunto de valores e crenças que norteiam o fazer científico de um determinado praticante científico.

Daniel José da Silva define saber como o conjunto do conhecimento de um sujeito mais o raciocínio, o tipo de lógica que este sujeito utiliza para justificar este conhecimento.
Identifica a existência de 5 tipos de saberes constituídos. O saber religioso, o saber, popular, o saber científico, o saber filosófico e o saber quântico.
Segundo Daniel, na construção do paradigma transdisciplinar utiliza-se com maior frequência o saber quântico. Ele é marcado pela dialógica da pertinência difusa simultânea. permite compreender o mesmo objeto possuidor de dois comportamentos lógicos distintos, além de ser um saber transiente, comunicando-se sem contradição com os outros saberes.

O paradigma transdisciplinar pode ser caracterizado por três idéias-chaves: a multidimensionalidade do objeto transdisciplinar, a multireferencialidade do sujeito transdisciplinar e a verticalidade do acessamento cognitivo.

Mapas conceituais. Encontrei no Youtube

Negociar comos alunos os seus saberes
negociar significados com os alunos além de ser ferramenta para fomentar o metaconhecimento do aluno, que ele entenda na prática qual a sua forma, sua idéia de conhecimento e visualmente perceba a informação de forma significativa a estabelecer as relações nestas informações.

Existem mapas conceituais derivados da informação trabalhada. Ex Escolhido um tema , no caso foi, Sistema Glandular. Seleciona-se as idéias principais e secundárias e em seguida propondo listas de conceitos contidos nas idéias... A maioria dos vídeos eram em língua espanhola, pareciam latino-americanos.
É... só um registro.

Meninas no Quênia fogem da mutilação genital

Comentário de Silvia
Este processo que acontece no Quênia nos aproxima do fenômeno do conhecer e compreender o como acontecem os processos das revoluções culturais nas sociedades humanas. É nítida a tentativa da ordem arraigada na mente da geração adulta que para perpetuar-se, precisa ser assumida pelos indivíduos da próxima geração a ser "responsável" pela manutenção da vida do grande grupo social. Seria este um possível aspecto para conceituar o mundo adulto? Adulto é o indivíduo que pertence ao grupo responsável pela manutenção e sobrevivência do grupo social. Responsável porque detém os conhecimentos necessários para reproduzir os níveis de eficência para a reprodução material e simbólica daquela sociedade. Agora imagine esta característica tendo que dar conta de sociedades enormes, complexas e completamente ou parcialmente desiguais no acesso a bens materiais, culturais e direitos da dignidade humana.
Parece que dá pra sentir o gosto de compreender como que crenças, idéias, valores sempre organizados em paradigmas dominantes se processam em períodos de transformações (neste caso através da imposição violenta)que provocam os desdobramentos de novas formas da organização social.

Amor, aprendizagem emocional.

"Amamos, não quando achamos alguém perfeito,quando aprendemos a ver perfeitamente uma pessoa imperfeita".
Excelente.Li essa idéia em algum lugar...
Portanto é fundamental que a escola entre as suas funções ensine as pessoas a estabelecerem relações humanas solidárias e responsáveis.

Interdisciplinaridade, multidisciplinaridade, transdisciplinaridade

“O paradigma Transdisciplinar”, de Daniel José da Silva, 1999. Fichamento do texto.
História da interdisciplinaridade.
No Brasil, são Ivani Fazenda e Hilton Japiassu os maiores disseminadores da interdisciplinaridade. Influenciados por Georges Gusdorf, o primeiro sistematizador da proposta de trabalho interdisciplinar (baseado num grupo de trabalho das Ciências Humanas) que foi apresentado em 1961, na Unesco, marcando o surgimento efetivo da área. Em 1970, a OCDE, promove um seminário internacional sobre o tema em Nice. Publicam, dois anos depois, a sistematização do interdisciplinar. Nesse evento, Piaget lança a palavra Transdisciplinar, dizendo que deveria suceder uma etapa superior, cujas interações disciplinares aconteceriam num espaço sem as fronteiras disciplinares ainda existentes na etapa interdisciplinar. A partir dessa época surgem os trabalhos de Edgar Morin, E. Jantsch.
1976. Japiassu lança livro prefaciado pelo próprio Gusdorf.
Ivani Fazenda conhece Gusdorf e inicia um dos mais eficazes programa de pesquisas sobre interdisciplinaridade e educação. Outra referência é o francês Pierre Weil, da Universidade Holística. O inter e o trans são abordados como exigências dos métodos empregados para a construção da visão holística de mundo.
Nestes autores os conceitos de multi e inter são basicamente o mesmo. A fonte é a classificação de 1972, feita por Jantsch. Associa justaposição a multi e integração a inter:
A justaposição na multi refere-se aos conteúdos das disciplinas; enquanto a integração na inter refere-se as relações entre os pesquisadores.
O conceito de trans é muito pouco citado. Aparece em Ivani como uma utopia, uma impossibilidade: ao transcender as disciplinas, a trans exigiria uma autoridade a ser imposta as demais, negando o diálogo interdisciplinar.

Síntese deste modelo:
Coordenação solidária e relações de parcerias entre as diversas percepções da realidade construídas pelas disciplinas presentes no processo. A leitura da realidade continua sendo unidimensional, disciplinar e multireferencial. O esforço de integração é sobre as subjetividades objetivas dos envolvidos e não sobre o objeto. O resultado é a formação interdisciplinar do sujeito, a partir das trocas intersubjetivas. O objetivo é resgatar a unicidade do conhecimento, superando a fragmentação e a disjunção.

A crítica é uma forma de nos vermos com os olhos do outro”.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Pedro Demo e a pesquisa como princípio educativo

Antes de embarcar para o Chile, onde desenvolve um trabalho na Universidade Educares, Pedro Demo concedeu a seguinte entrevista.
A primeira coisa que chama a atenção na educação reconstrutiva é o próprio nome. Por que não construtivismo simplesmente?
Pedro Demo - Eu guardo um profundo respeito pela proposta piagetiana chamada construtivismo. Mas eu prefiro o termo reconstrutivismo, porque é culturalmente mais plantado. Normalmente, a gente não produz conhecimento totalmente novo, no sentido de uma construção nova. Nós partimos do que já está construído, do que já está disponível, do conhecimento que está aí diante de nós e o refazemos, reelaboramos. Eu penso que o termo reconstrução é muito mais realista, só isso.
O pilar desse conceito é a importância da pesquisa no processo educacional, independentemente do nível de ensino. Como ela pode ser incorporada nos níveis mais elementares?
Pedro Demo - Primeiro, é preciso distinguir a pesquisa como princípio científico e a pesquisa como princípio educativo. Nós estamos trabalhando a pesquisa principalmente como pedagogia, como modo de educar, e não apenas como construção técnica do conhecimento. Bem, se nós aceitamos isso, então a pesquisa indica a necessidade da educação ser questionadora, do indivíduo saber pensar. É a noção do sujeito autônomo que se emancipa através de sua consciência crítica e da capacidade de fazer propostas próprias. Isso tudo tem por trás a idéia da reconstrução, mas também agrega todo o patrimônio de Paulo Freire e da "politicidade", porque nós estamos na educação formando o sujeito capaz de ter história própria, e não história copiada, reproduzida, na sombra dos outros, parasitária. Uma história que permita ao sujeito participar da sociedade.
A pesquisa supõe uma reelaboração do conhecimento, ou seja, deve vir acompanhada de um processo de apreensão do conhecimento. Como a educação reconstrutiva concilia pesquisa e ensino?
Pedro Demo - Vamos colocar de outra maneira: você precisa de informação e de formação. Você não aprende sem vasculhar o que já está disponível. Mas a educação não é propriamente isso. Isso é meramente um processo informativo que pode ser feito pela eletrônica. Nem é preciso professor para meramente transmitir conhecimento.
Mas o professor é absolutamente necessário para o processo reconstrutivo, como orientador, avaliador do aluno. A perspectiva muda bastante. O que nós estamos acostumados a ver no dia-a-dia é a proposta instrucionista, baseada no ensino, na instrução, no treinamento. Isso não é educação. Também é importante, também faz parte, mas o nível educativo se atinge realmente quando aparece um sujeito capaz de propor, de questionar. Precisamos de pesquisa e elaboração própria. São dois conceitos nos quais eu insisto bastante.

Mas no campo das práticas pedagógicas, como a pesquisa pode ser inserida no ensino fundamental, por exemplo?
Pedro Demo - Primeiro, fazendo recuar a aula, porque a aula é bem o signo da instrução, sobretudo a aula meramente expositiva, em que as crianças são obrigadas a assistir, tomar notas e fazer provas. Se você olhar bem, aí não ocorre nenhuma educação.
Agora, se a criança também é levada a buscar seu material, a fazer sua elaboração, a se expressar argumentando, a buscar fundamentar o que diz, a fazer uma crítica ao que vê e lê, aí ela vai amanhecendo como sujeito capaz de ter uma proposta própria. Isso é o que queria, na verdade, Piaget.
Ele sempre disse que a criança é um grande pesquisador: é curiosa, quer ver as coisas, quebra os brinquedos para ver o que tem lá dentro, pergunta muito. A escola é que, não sabendo disso, abafa essa vontade de conhecer que a criança tem.

O senhor afirma que a curiosidade infantil deve ser estimulada, instigada incessantemente pelo educador. Como isso deve ser feito?
Pedro Demo - Esta é uma das grandes competências do educador, saber aproveitar essa potencialidade enorme que a criança tem de querer conhecer, de aprender, de inventar coisas diferentes. Aí está então o que eu quero dizer com a pesquisa como princípio de todo o trajeto educativo.
É claro que a pesquisa como princípio científico, da pessoa que está fazendo Ph.D., é muito diferente das pesquisas da pessoa que está na graduação e da criança que está no ensino fundamental, mas, se a gente aproxima a pesquisa como cultivo do saber pensar, ela deve estar em todos os atos educativos, seja da menor criança, seja da pessoa mais adulta.

O que o senhor quer dizer ao afirmar que, na educação reconstrutiva, a qualidade política deve prevalecer sobre a qualidade formal?
Pedro Demo - Eu acho qualidade formal muito importante. Não estou dizendo com isso que ela é secundária, muito pelo contrário. As crianças precisam saber matemática, ciências, português, mas ainda mais importante é saber o que fazer com isso na vida, como interferir na sociedade, como mudar os seus rumos, como superar a condição de massa de manobra, como tomar o seu destino na mão, como fazer uma proposta. Isso é muito importante. Aí está o papel fundamental da educação e do professor que sabe provocar essa reação na criança, uma reação de sujeito, não de objeto.

O senhor faz uma distinção entre competência e conhecimento. Como a educação reconstrutiva se posiciona diante dessa dicotomia?
Pedro Demo - Acho que não deve ser uma dicotomia, são coisas que convivem dialeticamente. Eu vejo a competência técnica como instrumental. O fim das coisas é a competência ética, política, quer dizer, formar uma sociedade mais participativa, onde todos têm mais chances, onde os horizontes sejam compartilhados. Mas para termos boas condições de intervenção política é muitíssimo importante manejar o conhecimento adequadamente.

Ainda sobre o tema da competência, uma pressão que a escola sofre é a cobrança para que os alunos saiam de lá instrumentalizados, isto é, sabendo fazer. Que opinião o senhor tem a esse respeito?
Pedro Demo - O saber pensar inclui sempre o saber intervir. Nós temos que recuperar um pouco a proximidade entre teoria e prática. Acontece que as escolas e universidades chamam de formação apenas o discurso teórico e incluem em seus currículos apenas uma pequena parte prática, chamada estágio ou coisa do gênero, extremamente desproporcional.
É preciso saber colocar a prática já no primeiro semestre. Eu acho que essa expectativa é muito importante. Os alunos deveriam ter nas escolas a possibilidade de aplicar o conhecimento sem cair no utilitarismo. A melhor coisa para uma teoria é uma boa prática. E a prática que não volta para a teoria envelhece e fica caduca.

Mas como diminuir essa distância?
Pedro Demo - Nós temos uma tradição universitária de separar as duas coisas. Quando nós vamos estudar num campus, nós ficamos quatro anos longe da cidade, da vida, do trabalho para estudar. Acho que isso vai mudar muito no futuro, inclusive por causa da aprendizagem virtual. A gente não estuda só em certos momentos, em certas horas, em certos espaços, mas estuda a toda hora, durante a vida toda, com toda a parafernália disponível, sobretudo a eletrônica. Mas isso vai demandar uma reforma curricular muito mais radical do que nós estamos imaginando, hoje chamada Parâmetros Curriculares.

Um de seus últimos livros publicados trata da teleducação. Que papel têm as novas tecnologias nessa reforma radical a que o senhor se refere?
Pedro Demo - Primeiro, uma coisa que quero crer que esteja garantida é que o futuro da educação está na teleducação. Vai ser muito difícil no futuro fazermos qualquer proposta educacional que não seja em parte virtual. Não apenas virtual, isso seria um erro. Mas também não vai dar para fazer educação apenas com presença física. O grande dilema, hoje muito pouco resolvido, é introduzir na teleducação uma real aprendizagem. As pessoas precisam aprender, não apenas ser informadas. Vou dar o exemplo da teleconferência. Se a gente olhar bem, ela é uma aula, não é nada mais que uma aula, muitas vezes expositiva. Agora, tem coisas bonitas, porque dá uma grande chance de participação num grande espaço. Você pode conhecer gente interessante, fazer perguntas, mas, se a gente lembrar que aprendizagem exige pesquisa e elaboração própria, então continua sendo uma aula. A teleconferência é um bom instrumento supletivo, é uma boa proposta de disseminação de conhecimento, mas não substitui, em hipótese nenhuma, a aprendizagem.

Isso me faz pensar em outro conceito que o senhor trabalha, de que a aula não é o centro da aprendizagem. As novas tecnologias estão decretando o fim das aulas expositivas e abrindo espaço aos debates, às discussões?
Pedro Demo - É, não precisa brigar com a aula, porque ela vai recuando naturalmente à medida que a eletrônica assume o espaço da informação. Transmitir conhecimento é uma coisa muito importante para a sociedade, mas o mundo eletrônico faz isso com mais graça, com mais disponibilidade que o professor.
Daí não segue que o professor não seja importante. Ele é absolutamente indispensável para a aprendizagem do aluno, para a formação reconstrutiva, política do aluno. Por isso, a aula vai recuar. Eu até posso dizer que ela não vai desaparecer, mas vai ser cada vez mais um componente supletivo do processo de aprendizagem. É impossível colocar a aula no centro da aprendizagem.

Um dos exemplos que o senhor dá para desmistificar a importância da aula é o livro O Mundo de Sofia, de Jostein Gaardner. Por que um livro como esse consegue instigar o aluno a aprender e a aula expositiva não?
Pedro Demo - Nós podemos trabalhar muito melhor também só com textos. Geralmente, no Brasil, só se faz fichar livros, o que não tem nada de reconstrutivo. E O Mundo de Sofia mostra bem como um professor "escondido" motiva, provoca a criança. Ela se desespera, trabalha, dá duro, aprende muita coisa sem que o livro tenha uma aula, uma prova, e é uma aprendizagem soberba. Então, a escola tem que cuidar da aprendizagem e não dos apoios que os professores acham importantes, em particular ficar "escondido" atrás da aula. O professor de matemática tem o compromisso de fazer o aluno aprender matemática.
O primeiro compromisso dele é garantir que o aluno aprenda matemática. Ele não pode ficar satisfeito, realizado, se os alunos não aprenderem. Dar aula é fácil, é só despejar conhecimento, às vezes apenas copiado. Mas fazer um aluno aprender é a grande arte do professor.

O senhor comentou anteriormente que o mundo eletrônico transmite informações com mais graça. Como o senhor vê o papel da motivação na aprendizagem?
Pedro Demo - Eu penso que é preciso, de todos os modos, motivar os alunos para a elaboração própria, para buscar a informação, para tomar a iniciativa. Porque se a gente tiver um ensino apenas passivo, como é usual hoje, as crianças não se preparam direito para a vida, pois não conseguem enfrentar coisas novas. Ao mesmo tempo, torna-se injusto com as novas gerações, que têm uma percepção muito maior pela imagem do que nós, da velha geração, que gostamos do texto.
A nova geração se sentiria muito mais respeitada se pudesse construir o conhecimento através do texto, como é típico do mundo virtual. Então, os professores precisam se preparar para isso. Certamente os professores mais velhos terão mais dificuldade, mas nunca é tarde para aprender, e acho que a educação sempre teve diante de si esse desafio de aprender coisas novas. Não vai ser agora que nós vamos falhar nisso. Temos que dar conta das motivações que a nova geração prefere.

O senhor considera que saber ler as imagens, compreender a função que elas ocupam na transmissão do saber é uma área do conhecimento já desenvolvida, ou ainda há muito que fazer nesse campo?
Pedro Demo - O mundo da informática, como o do cinema, está trazendo isso. Nós temos uma história do cinema com mais de cem anos. Mas a academia não aceita a imagem como argumento. E nós deveríamos nos abrir a isso. Quando o texto chegou na história da humanidade, ele também foi taxado de intruso, de coisa esquisita, e hoje ninguém mais acha estranho fazer um texto, um livro. Então nós não podemos estar fechados a essa nova perspectiva. Eu estou dizendo que é preciso saber pensar não só com texto. A nova geração possivelmente prefere pensar através de imagens. Isso ajudaria muito a escola, e o trajeto da formação em qualquer nível traria maior motivação e maior atualização.

A função de gerar autonomia.

O objetivo da escola deve ser desenvolver indivíduos autônomos, ou seja capazes de transitar pelas redes da sua interdependência. Autonomia consciente da sua interdependência.